2.3.10

Palavras da Noite


Ilustrações: Ricardo Magalhães

Momentos ESTAÇÃO ALFENAS out/09


Lançamento na Estação Alfenas - out/2009




Momentos UNEB jul/09



Lançamento na UNEB/campus Irecê/BA - jul/2009


Planador

Quinto capítulo. Chegamos, por fim, novamente à noite, em que tudo é possível, em que tudo é mágico, é mistério, é silêncio, porque, embora haja escuridão, “elas se refugiaram na noite, as palavras”. A conclusão do assunto é: passamos pela vida sobrevoando nossa realidade, como uma borboleta ou como um beija-flor. Nessa viagem, a esperança só existe se tivermos um horizonte e só aproveitam os momentos e alcançam o mundo dos sonhos aqueles que acreditam nas palavras da noite.

Novo dia

Insofismável

Quarto capítulo. A tarde, que nos inebria de reflexões, de meditação ao caminhar de mãos dadas, ao sonhar, ao sentir a vida com uma cor diferente. Decisões... Escolhas... Conflito... O que é verdade? Onde está a verdade? “Não sei procurar, nem quero tentar...”. O que diz a voz que está dentro de você? Reflexões que me fazem olhar pela janela.

Uma voz na janela


“Ouça sua voz chamando,
vem da janela ou da solidão
mais uma vez por uma canção
de palavras da noite”.
Outrora singela, agitada,
Agora lúgubre, soterrada...
Talvez o lamento de uma ave
Ou o grito do vento.
Assombros invasores do corpo
Fazem-me refém, vítima do prazer
De sentir o vento – entrega, fantasia.
Bastou amanhecer...
A imagem do desejo
Surpreendeu a alma cansada.
Incertezas!
A vida é estranha e nós, mais ainda.
Por que não ser como os outros?
“Desconte suas mágoas,
em golpes no ar, na parede.
Grite, assuste todo mundo.
Entre em seu quarto, bata a porta
E fique sozinha lá durante muito tempo.
Depois, saia aliviada”.
Outrora porta aberta,
Agora alma coberta.
Alheio à movimentação,
Meu coração incendeia.

De-notações

Terceiro capítulo. A realidade também se mostra em nossa vida. Mas o que é realidade pra mim? É real que as pessoas têm boas intenções, mas, às vezes, nos ferem com as palavras. DESTINO.O meio-dia já se revela motivo de calor e cansaço, sol quente que nos faz enxergar os maus momentos da vida. É real que nem sempre conseguimos ter o que é desejo. É real que a nossa vida é uma prisão e que escolhemos dela não fugir, mas é real também o conflito que isso causa dentro de nós. Mas o que acontece se quebrarmos essa realidade? O que se formará? Será formada a nossa impressão do que vemos. A imagem de notações que fazemos. O que notamos. Notar é perceber. E a nossa percepção também se torna realidade. É real que podemos escolher viver num deserto, mas é real também que podemos enxergar num grão de areia, paisagens.

Destino

Há muitas maneiras
E sentidos que o vento leva.
E elas sempre chegam
Acusações, cortes,
Culpas aos nossos ouvidos.
Palavras mordazes são capazes
De ferir.
Fujo sempre,
Mas me alcançam.
Não satisfeitas por chegarem,
Marcam a ferro meu coração –
Fazem-no refém.
Depois passo fome na prisão.
E, na escuridão da cela, tento novamente
Fugir!
E elas sem piedade pisam,
Querem deixar claro que não sou nada.
Mas não sou!
E ainda preciso perdoar, esquecer. Alto preço.
Vão embora.
Às vezes penso que as palavras não existem –
Seria melhor.
Mas elas permanecem para sempre,
Nós vamos embora.
E agora já não há muitas maneiras,
Nem sentidos.
Perdemos. Perdemos a vida.
Perdemos aqueles que amamos.
E as palavras ainda soam no ar
(Gritam)
Para cumprir seu propósito.

Consequência

No segundo capítulo do livro, não falo sobre a razão de se existir. Há muitas controvérsias... mas falo sobre a sua consequência: a manhã de nossa existência. A manhã é o momento do amor, de sentir a vida no seu frescor, com suavidade. O amor que nos faz viver, a paixão que nos faz morrer. É sempre bom falar do amor, e é também inevitável, é consequência de se estar vivo. Logos, em grego, significa RAZÃO, então, se o amor é consequência, quando amamos primeiro, descobrimos também a razão de nossa existência, o sentido da vida: o amor.

Logos

Saudade

No primeiro capítulo, estão as poesias que falam sobretudo da natureza. A natureza presente em minhas viagens. Não a descrição apenas dos elementos da natureza, mas o símbolo de algo maior: o que nos ensinam da vida o sol, a lua, o mar, o vento. E as palavras surgem como a claridade da noite, da vida. As palavras amenizam a nossa existência. As palavras brilham na noite como o nascer do sol. Nasce o sol, é o momento de descobertas, de enxergar as coisas que nos darão saudade.

O vento não leva



“E o vento levou...”
Quero mudar esse ditado:
E o tempo levou!
O que o vento leva não alcança
A dimensão do que o tempo
Pode levar.
O tempo leva embora opiniões,
Promessas, saúde, parentes e
Atitudes e até
Um coração que ama.
O vento corre atrás do tempo
Na esperança de apagar
Os contratempos.
Inútil.
O que o tempo faz fica para sempre
Gravado na rocha da existência.
O escrito vira passado e o passado, uma pedra.
Tão imóvel, tão duradouro, tão estável,
Que, mudá-lo, já não podemos mais.
As lembranças são verdadeiras e eternas.
Somente elas o tempo não pode levar,
Embora tente.
Mas o existido no coração,
Enlaçado com a memória,
É uma torre forte.
Nunca será derrubado, e destruído,
E derrotado.
Será sempre, e agora,
A única posse do ser humano,
Que nem o tempo nem o vento podem levar.